este ano o verão acabou mais cedo

Passou uma semana. Sexta passada acordei reflexiva, pensando a respeito de como foi 2011. Apesar das coisas boas, não consegui não lembrar de tantas coisas ruins que me aconteceram. Foi um ano triste, assim defino. Me vieram à mente as perdas. Foi um ano tão doloroso. Amados tão queridos nos deixaram. Às vezes de maneira previsível, às vezes sem dar aviso. Ainda lembro dos seus rostos e fico pensando o que faria se eles estivessem aqui.

Pensei no texto de despedida de 2011 que escreveria para o blog e o que desejaria para 2012. Só uma frase veio à minha cabeça e então fiz um pedido... que 2011 terminasse sem perdas, simplesmente. Eu sentia uma agonia, queria ir à academia, esticar o corpo e esquecer aquele sentimento ruim. Mas algo me prendia, aquele choro apertado no meio da garganta. Me lembrava que há duas semanas queria encontrar lá um amigo, para papear à toa, coisas que deixamos de falar da última vez que nos vimos e que ele prometeu me ligar.

Decidi sair daquele quarto, peguei meu carro e fui para a rua. Buscar uma encomenda e esparecer. Dirigindo comecei visualizar mentalmente cada pessoa querida da minha família. Pensei qual seria a possibilidade de cada uma me deixar, como outros já me deixaram. Acreditei ser nula a probabilidade, encerrando meu pensamento com um pedido mental a Deus, que não me deixassem perder ninguém. Não sei quanto de dor eu seria capaz de suportar nesse 2011 tão agourento.

Eu estava parada em um estacionamento e meu celular tocou, quando tive a notícia. Dali em diante meu celular não parou mais de tocar, várias pessoas me ligaram e o assunto era o mesmo, aquele que eu não queria ouvir. Demorei acreditar, nosso amigo Lucas Piffer se foi, nos deixou. Sabia onde ele estava, mas queria que não fosse verdade, que fosse um boato.Senti meu coração se desesperar, senti eu mesma me desesperar. Minhas mãos não eram capazes de dirigir, meu pensamento não era capaz de avançar.

Perdemos um grande amigo e eu sabia o que isto significava para a Stefanie, sua namorada, minha melhor amiga, muito mais do que para todos nós. Sem reação, eu só pensava em dirigir. Estava longe de casa, longe. Ela precisava de mim. Foi o dia mais terrível da minha vida. Nossa amizade neste um ano e pouco tem sido como dividir um pedaço de nossas almas e eu sabia que a ferida em seu coração me feria também. 

Desejei milhares de vezes que aquela fosse só mais uma sexta-feira comum, sem flores, sem choro, em que eu dormiria, faria coisas que não tive tempo durante a semana, assistiria um filme sozinha ou sairia para um buteco para rir sem motivo. Não era. Aquela sexta-feira marcou nossas vidas e jamais vou esquecer.

Meus dias foram apenas para desejar que Stefanie fique bem. É difícil e incompreensível. Não espero que ela leia esse texto, vai doer. Mas espero que ela entenda que a vida teve que ser assim, espero voltar a ver seu sorriso, sua alegria contagiante e sua alma radiante. Nossos eternos bate papos, nossas fofocas impublicáveis e nossos passeios amalucados.

A falta do Lucas será eterna. Um grande amigo, de alma tão grande que fará uma enorme falta. Seu apoio sutil e sua paciência. Cumplicidade e amizade. Não compreendo, mas desejo que esteja em paz. Dizem que Deus quer perto de si os bons, por isso muitas vezes os chama mais cedo. Assim sigo pensando e me consolando. As lágrimas que ainda não tive tempo de enxugar, ou mesmo de derramar, que a vida trate de um dia nos fazer entender porque é que "este ano o verão acabou mais cedo"!

Fica a minha homenagem a um grande amigo que se foi, tão cedo!

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